A morte em ambientes fora da Terra traz uma série de questões intrigantes e complexas, principalmente quando se considera como fatores como gravidade e condições atmosféricas podem afetar o processo de decomposição. Também, com as recentes discussões sobre “colonização interespacial”, é uma dúvida pertinente considerando os diferentes microrganismos e outros fatores que serão apresentados neste artigo.
Afinal, como seria o processo de decomposição de um corpo humano fora da Terra?
1. Efeitos da Gravidade
Em planetas com gravidade diferente da Terra, como Marte ou outros corpos celestes, o estágio de livor mortis — que é a acumulação de sangue em regiões mais baixas do corpo devido à gravidade — apresentaria características distintas. No espaço, a falta de gravidade impediria que o sangue se acumulasse, resultando em um padrão de coloração diferente do que estamos habituados a observar na Terra.
2. Rigor Mortis e Decomposição
Dentro de um traje espacial, o rigor mortis ainda se manifestaria, pois é um fenômeno decorrente da parada das funções vitais do corpo. Contudo, a decomposição seria mais complicada. As bactérias intestinais que ajudam a digerir os tecidos moles precisam de oxigênio para funcionar efetivamente. Portanto, a atmosfera limitada dos trajes e do espaço em geral retardaria significativamente esse processo.

de decomposição
3. Condições Planetárias
Na superfície da Lua, por exemplo, os corpos poderiam sofrer alterações significativas devido a temperaturas extremas que variam de 120°C a -170°C. Isso poderia resultar em danos visíveis aos restos mortais, seja por efeito do calor ou pelo congelamento.
Os micróbios presentes no solo também desempenham um papel crucial na decomposição. Planetas com ambientes adversos e restritos para a vida microbiana, como Marte, onde as condições são extremamente secas, podem aumentar as chances de preservação dos tecidos moles. Isso é importante, pois o ambiente de decomposição na Terra é equilibrado por insetos, micróbios e plantas que reciclam nutrientes de forma eficiente, algo que não ocorreria em planetas sem esses organismos.
4. Impacto do Solo e da Temperatura
Nos solos ácidos que podem existir em outros planetas, o processo de decomposição pode diferir das condições terrestres. O componente inorgânico dos ossos pode se degradar, preservando os tecidos moles, algo que não é comum na Terra, onde os esqueletos que vemos são principalmente inorgânicos.
O ambiente em que um corpo humano é depositado fora da Terra não evoluiu para lidar com restos mortais da maneira que a Terra o faz. Insetos e criaturas necrófagas, comuns em nosso planeta, estariam ausentes, o que mudaria drasticamente a dinâmica da decomposição.
5. Novas Práticas Funerárias
Dada todas essas variáveis, é provável que os restos mortais dos humanos que morrerem fora da Terra mantenham uma aparência mais “humana”, pois não ocorrerá a decomposição completa como conhecemos. Assim, nossos corpos se tornariam “alienígenas” no espaço.
Portanto, seria necessário repensar as práticas funerárias, evitando métodos que consomem muita energia, como a cremação, ou a escavação de sepulturas em ambientes hostis. Uma nova abordagem seria fundamental para lidar com a morte fora da Terra, levando em consideração as particularidades desses novos habitats.