As histórias de crianças que cresceram em ambientes isolados, longe do contato humano, são verdadeiramente fascinantes e, às vezes, assustadoras. Essas crianças podem apresentar comportamentos instintivos, adquiridos a partir do ambiente em que viveram, o que por sua vez, pode incluir habilidades adaptativas, como caça e capacidade de se locomover na natureza. Esses casos, muitas vezes chamados de “crianças selvagens” ou “ferais”, demonstram as complexidades do desenvolvimento humano. Aqui estão alguns exemplos notáveis:
Victor de Aveyron (1797-1828):
Victor foi encontrado na floresta de Aveyron, na França, em 1800, aos cerca de 12 anos. Ele tinha comportamento primitivo e não conseguia falar, levando os pesquisadores a acreditar que ele havia crescido isolado em um ambiente natural. O médico Jean Marc Gaspard Itard, que o adotou, tentou inteirá-lo na sociedade e proporcionar educação, porém sem sucesso. Embora tenha alcançado algum progresso, Victor nunca se tornou completamente integrado à sociedade, levantando questões sobre a importância da interação humana para o desenvolvimento.

Genie (1957-2009):
Conhecida como “nina selvagem”, Genie foi descoberta em 1970, aos 13 anos, após viver em condições de extrema crueldade e isolamento. Seu pai a mantinha em um cômodo escuro e a maltratava severamente. Após o resgate, pesquisadores tornaram Genie em objeto de estudo em linguística e desenvolvimento humano. Embora tenha aprendido algumas palavras e habilidades, as consequências de sua tortuosa infância foram profundas e suas experiências geraram debates éticos sobre pesquisas com humanos.

Dina Sanichar (1860-1895):
Dina Sanichar, conhecido como o “menino-lobo”, é uma das histórias mais fascinantes de uma criança selvagem. Caçadores resgataram ele em 1867, na floresta de Budhiyaw, em Uttar Pradesh, na Índia. Na época, ele tinha cerca de 6 a 8 anos e apresentava comportamentos animalescos, como, por exemplo, andar nas quatro patas e latir.
Dina havia vivido em uma alcateia de lobos, o que, consequentemente, levou muitos a acreditar que ele tinha se tornado completamente integrado à vida animal. Seu comportamento era tão próximo ao dos lobos que, quando encontrado, ele estava coberto de pele de animal e, além disso, era incapaz de se comunicar verbalmente de forma humana.
Após ser resgatado, ele foi levado para um orfanato onde começou a receber cuidados e educação. Com o tempo, Dina aprendeu a falar e a se comportar como uma criança normal, mas nunca se adaptou completamente à vida social. Ele morreu jovem, aos 35 anos. Sua história deu origem ao famoso livro “O livro da Selva” que em 1968 se tornou a animação da Disney “Mogli: O Menino Lobo”.

Essas histórias nos fazem refletir sobre a complexidade do que significa ser humano e, ademais, o papel vital que o ambiente e o contato social desempenham no desenvolvimento de uma criança. Da mesma forma também destacam a importância da empatia e da compreensão em relação àqueles que enfrentam situações extremas desde a infância.