Os acidentes aéreos, embora raros em comparação com o número total de voos realizados, têm um impacto devastador tanto em termos de vidas perdidas quanto em suas repercussões emocionais e sociais. Este artigo examina os 10 acidentes aéreos mais fatais da história, apresentando detalhes sobre cada incidente e suas causas.
1. Tenerife (1977)
O acidente aéreo de Tenerife, que ocorreu em 27 de março de 1977, é considerado o desastre aéreo mais mortal da história da aviação. O incidente envolveu duas aeronaves Boeing 747, uma da KLM e outra da Pan Am, que colidiram na pista do Aeroporto de Los Rodeos (atualmente conhecido como Aeroporto de Tenerife Norte), nas Ilhas Canárias, Espanha.
O acidente ocorreu em um período de forte neblina no aeroporto. Naquele dia, o aeroporto original de destino para muitos voos, incluindo os das duas companhias aéreas, estava fechado devido a uma explosão de bomba em uma das pistas. Como resultado, as autoridades desviaram os voos para o aeroporto de Los Rodeos, que se tornou temporariamente superlotado.
Enquanto os dois aviões estavam na pista, a torre de controle autorizou o voo da KLM a decolar. Entretanto, o controle de tráfego aéreo não havia autorizado a decolagem do voo da KLM, pois o avião da Pan Am ainda estava na pista. O capitão do voo da KLM, mal interpretando as instruções, começou a taxiar e decolar. O voo da Pan Am ainda estava na pista, esperando para decolar, quando o avião da KLM colidiu com ele a uma velocidade alta.
A colisão resultou na morte de 583 pessoas, incluindo 248 a bordo do voo da KLM e 335 a bordo do voo da Pan Am. Apenas 61 pessoas a bordo do voo da Pan Am sobreviveram. Posteriormente, o acidente se tornou um ponto de referência na história da aviação, levando a extensas revisões nos procedimentos de comunicação e controle de tráfego aéreo.

2. Voo 123 (1985)
Em 12 de agosto de 1985, o Voo 123 da Japan Airlines se tornou o acidente aéreo envolvendo uma única aeronave mais mortal da história. O Boeing 747, que decolou de Tóquio com destino a Osaka, sofreu uma despressurização explosiva quando uma parte do estabilizador horizontal, que ajuda a controlar a inclinação do avião, se rompeu.
A investigação subsequente, conduzida pela Administração de Aviação Civil do Japão (JCAB), apontou que a falha foi devido a um reparo inadequado realizado após um incidente anterior com a mesma aeronave, que havia danificado a fuselagem. Essa falha na manutenção, portanto, comprometeu a integridade estrutural do avião.
A despressurização resultou em perda total do controle da aeronave. O piloto e o copiloto tentaram, sem sucesso, manter o controle enquanto a aeronave se desintegrava e começava a cair. O voo da Japan Airlines acabou colidindo com uma montanha na região de Gunma, cerca de 100 quilômetros de Tóquio.
Das 524 pessoas a bordo, 520 morreram, sendo apenas 4 sobreviventes. Este acidente se tornou o mais mortal da história da aviação civil, até aquele momento.

3. Voo Charkhi Dadri (1996)
É um dos acidentes aéreos mais trágicos da história, envolvendo duas aeronaves, mais um Boeing 747 e um Ilyushin Il-76, em uma colisão em voo na Índia. O Boeing 747 estava se aproximando para aterrissar no Aeroporto Internacional de Nova Déli quando, em virtude de um tráfego aéreo congestionado na área, foi desviado para o aeroporto de Charkhi Dadri, que fica a cerca de 60 km de distância.
Enquanto isso, o Ilyushin Il-76 estava em sua ascensão após a decolagem e tinha recebido instrução para manter sua altitude. Uma série de falhas humanas e problemas de comunicação entre os pilotos e os controladores de tráfego aéreo resultaram em ambos os voos estarem na mesma rota na mesma altitude.
Desse modo, a colisão ocorreu a cerca de 15 km do aeroporto de Charkhi Dadri, quando o Boeing 747 e o Airbus A300 se encontraram no ar. O impacto resultou na desintegração das duas aeronaves, com os destroços caindo em uma área rural. O acidente resultou na morte de 349 pessoas, tornando-se o acidente aéreo mais mortal da história em termos de número de vidas perdidas em um único evento de colisão em voo.

4. Voo Turkish Airlines 981 (1974)
O desastre do Voo Turkish Airlines 981, que ocorreu em 3 de março de 1974, é um dos acidentes aéreos mais notórios da história da aviação, marcado por falhas de design e erros operacionais. O voo, que partiu de Istambul, Turquia, com destino a Londres, tornou-se trágico logo após a decolagem, resultando na morte de todos os 346 ocupantes a bordo.
Apenas alguns minutos após a decolagem, o DC-10 sofreu uma descompressão catastrófica. A porta de um dos compartimentos de carga se abriu durante o voo, resultando em uma falha catastrófica no controle da aeronave. A abertura da porta permitiu que o ar comprimido dentro da fuselagem saísse rapidamente, o que causou uma despressurização repentina e violenta. Este evento comprometeu os sistemas de controle da aeronave, resultando em uma perda de controle absoluta. O avião começou a fazer um movimento de rotação descontrolada e caiu em uma floresta suburbana em Ermenonville, França.

aéreo da França e um dos piores acidentes da história
5. Voo Air Índia 182 (1985)
O acidente do Voo Air India 182, ocorrido em 23 de junho de 1985, é um dos desastres aéreos mais mortais da história da aviação civil e, além disso, está intimamente ligado a questões políticas e de segurança na Índia e na comunidade Sikh.
O acidente ocorreu quando o avião sobrevoava o Oceano Atlântico, perto da costa de Irlanda. A bordo estavam 329 pessoas, incluindo passageiros e membros da tripulação. A aeronave foi destruída por uma bomba que havia sido colocada a bordo. O explosivo foi ativado e a explosão resultou na perda total de controle do avião. A bomba a bordo foi atribuída a militantes do separatismo Sikh, que estavam buscando a criação de um estado independente chamado Khalistão na Índia. Em resumo, a motivação para o ataque estava ligada a um contexto complexo de tensões políticas e religiosas.
Todos os 329 ocupantes do voo perderam a vida. Muitas morreram devido a explosão, já outras afogadas ou com o impacto do mar.

6. Voo Saudi Arabian Airlines 163 (1980)
O voo partiu do Aeroporto Internacional da Arábia Saudita em Riade e estava programado para levar passageiros a Jidá. O acidente ocorreu durante a decolagem. Aproximadamente 90 segundos após a decolagem, pilotos e passageiros perceberam que havia fumaça na cabine. A tripulação recebeu aviso de que havia um incêndio na cabine, e a decisão foi tomada para retornar ao aeroporto de origem. O comando do voo começou uma descida de emergência.
Apesar da aterrissagem realizada, a situação da fumaça rapidamente se transformou em um incêndio, que se espalhou pela aeronave. O sistema de escape da aeronave e os procedimentos de evacuação não funcionaram da maneira esperada. O incêndio se espalhou rapidamente e, desse modo, todas as 301 pessoas a bordo, incluindo passageiros e tripulantes, perderam a vida.

7. Voo Iran Air 655 (1988)
O acidente do Voo Iran Air 655, que ocorreu em 3 de julho de 1988, é uma tragédia significativa na história da aviação, marcada por um erro de identificação que resultou no abate de um avião civil por um navio de guerra. O cruzador da Marinha dos EUA USS Vincennes, que estava em operações no Golfo Pérsico, abateu o avião com 290 pessoas a bordo com mísseis disparados.
O USS Vincennes, que tinha se envolvido em um confronto com pequenos barcos iranianos, detectou o Voo 655 e o identificou erroneamente como um avião de combate da Força Aérea Iraniana, suspeitando que ele poderia estar atacando a embarcação. O incidente gerou uma onda de choque e indignação em todo o mundo, especialmente no Irã.

Acidentes Aéreos no Brasil
No Brasil, embora a aviação tenha avançado significativamente em termos de segurança nas últimas décadas, houve momentos que marcaram profundamente a memória coletiva devido ao elevado número de vítimas. Citarei os três acidentes aéreos mais marcantes do Brasil.
1. Gol 1907 (2006)
Ocorrido em 29 de setembro de 2006, este é um dos acidentes aéreos mais marcantes e trágicos da história da aviação brasileira. O acidente ocorreu quando o Boeing 737-800 colidiu em um voo em rota com um jato executivo Embraer Legacy 600. Durante o momento da colisão, o jato da Legacy estava tentando cruzar a mesma área do espaço aéreo que o voo da Gol.
A colisão ocorreu a uma altitude aproximada de 37.000 pés, resultando na destruição do Boeing 737-800. Todos os 154 ocupantes a bordo da aeronave da Gol perderam a vida. O jato Legacy, entretanto, conseguiu pousar em segurança em um aeroporto próximo.
As investigações apontaram a falha na comunicação entre o controle de tráfego aéreo e as aeronaves e a conduta inadequada da tripulação do Legacy como fatores cruciais para que a tragédia ocorresse. Este acidente também desencadeou uma crise na aviação brasileira e se tornou o mais letal da história, até que uma tragédia superou esse número um ano depois

2. TAM 3054 (2007)
Considerado o maior desastre aéreo do Brasil, o acidente com o Airbus A320 ocorreu em 17 de julho de 2007. A aeronave tentou pousar na pista 35, que, na época, tinha uma pista relativamente curta e era uma das mais movimentadas do Brasil.
O piloto não conseguiu parar a aeronave dentro da pista, que estava molhada devido à chuva intensa. O avião saiu da pista, atravessou a avenida Washington Luís e colidiu com um prédio da TAM, resultando em um incêndio devastador. O desastre resultou na morte de 199 pessoas: 187 ocupantes da aeronave e 12 pessoas que estavam no solo, no prédio atingido pela aeronave.

3. TAM 402 (1996)
O Voo TAM 402 operava um Fokker 100 que partiu do Aeroporto de Caxias do Sul e com escalas em alguns outros aeroportos. Era 31 de outubro de 1996 quando ocorreu um acidente durante a decolagem do Aeroporto de Congonhas, quando a equipe ativou o reversor de um dos motores, deixando apenas o motor da esquerda impulsionando para frente.
Apesar dos esforços dos pilotos, a aeronave perdeu sustentação e altura, colidindo com um conjunto de casas. Como resultado, todas as 96 pessoas à bordo, mais 3 em solo morreram. Desde a decolagem ao momento da queda, o avião se manteve no ar por apenas 24 segundos.

Mudanças na Aviação
Após tantas tragédias, mudanças foram feitas na aviação a fim de evitar novos acidentes. Foram implementadas novas e mais rígidas regulamentações para manutenção e operação de aeronaves. Houve um investimento maior em tecnologia nos sistemas de controle de tráfego aéreo, a fim de aumentar a precisão na rastreabilidade das aeronaves e na comunicação entre controladores de tráfego aéreo e pilotos.
Visto que a falha de comunicação resultou em muitos acidentes, foram feitas também mudanças significativas na regulamentação da aviação, levando a padronização da linguagem usada entre os pilotos e controladores. A implementação de novas medidas de segurança em aeronaves e aeroportos, além de novas tecnologias como o EGPWS para evitar novas colisões, também trouxe mudanças bem-vindas para promover a segurança e o bem-estar de quem estiver a bordo.